*Texto que eu mandei para uma antologia.
De 130 textos, o meu foi selecionado entre os 33 para a segunda fase. Infelizmente não ficou entre os 17 escolhidos.
Eu me arrependi de ter bebido uma dose de saliva de unicórnio, porque agora o meu dente doía muito mais, e possivelmente o meu hálito mataria o dentista.
Eu estava parado na porta da clínica quando do outro lado da parede surgiu um barulho de serra elétrica, e um pouco mais baixo se ouvia um grunhido de dor. Isso só podia significar que havia um paciente lá dentro.
A sala de espera só tinha a cor branca e esse aspecto dava certa tensão. Bancos, mesas, portas, os pisos, as paredes, as roupas dos funcionários, o telefone, as molduras dos quadros, o bebedouro. Tudo era branco e perfeitamente limpo. Eu me sentia mal, meus dedos estavam gelados, mas eu não podia ficar com medo, um ciclope não se assusta com nada e eu já tinha arrancado vários dentes com a mão.
Se alguém do vilarejo me visse agindo como um medroso... Bem, o caso é que eu deveria manter a calma.
Sentei no sofá e tamborilei os dedos no joelho olhando em volta, acabei percebendo que havia um duende ao meu lado.
O nanico aparentava beirar na casa dos quarenta anos, suas narinas deixavam escapar cabelos grossos e grisalhos, e sua expressão era de impaciência. Ele não aguentou ficar sentado muito tempo e saiu andando rápido da clínica.
Também tinha um quadro feio, uma espécie de jardim pintado com cores vibrantes e elfos dançantes em volta de uma árvore grande. Quadro ridículo.
À minha frente uma fada com o rosto verruguento parecia dormir sentada no banco, a não ser pela sua perna direita que não parava de se balançar. Também era bem feia.
Depois de duas horas o paciente saiu da sala com a boca inchada e gemendo de dor. Era um pequeno minotauro de chifres novos.
Um par de minutos depois a recepcionista chamou pelo duende, porém ele já havia ido embora. Demorou mais um pouco até que ela olhasse de novo quem estava na lista.
O próximo era eu.
Respirei fundo e me levantei tentando não esbarrar em nada, e entrei na sala do dentista.
O doutor estava de costas. Era um elfo de estatura baixa. Seu cabelo loiro esbranquiçado era preso por um pedaço de raiz e seu jaleco quase encostava-se ao chão.
A criatura virou-se devagar pra mim.
- Linus! – eu falei surpreso - que diabos você está fazendo aqui?!
Ele era o elfo lerdo que eu dava uma surra nos intervalos do colégio quando era pequeno!
- Ora, ora, Gradus – ele olhou a ficha – parece que veio arrancar alguns dentes – um sorriso largo e assustador apareceu em seu rosto.
De 130 textos, o meu foi selecionado entre os 33 para a segunda fase. Infelizmente não ficou entre os 17 escolhidos.
Eu me arrependi de ter bebido uma dose de saliva de unicórnio, porque agora o meu dente doía muito mais, e possivelmente o meu hálito mataria o dentista.
Eu estava parado na porta da clínica quando do outro lado da parede surgiu um barulho de serra elétrica, e um pouco mais baixo se ouvia um grunhido de dor. Isso só podia significar que havia um paciente lá dentro.
A sala de espera só tinha a cor branca e esse aspecto dava certa tensão. Bancos, mesas, portas, os pisos, as paredes, as roupas dos funcionários, o telefone, as molduras dos quadros, o bebedouro. Tudo era branco e perfeitamente limpo. Eu me sentia mal, meus dedos estavam gelados, mas eu não podia ficar com medo, um ciclope não se assusta com nada e eu já tinha arrancado vários dentes com a mão.
Se alguém do vilarejo me visse agindo como um medroso... Bem, o caso é que eu deveria manter a calma.
Sentei no sofá e tamborilei os dedos no joelho olhando em volta, acabei percebendo que havia um duende ao meu lado.
O nanico aparentava beirar na casa dos quarenta anos, suas narinas deixavam escapar cabelos grossos e grisalhos, e sua expressão era de impaciência. Ele não aguentou ficar sentado muito tempo e saiu andando rápido da clínica.
Também tinha um quadro feio, uma espécie de jardim pintado com cores vibrantes e elfos dançantes em volta de uma árvore grande. Quadro ridículo.
À minha frente uma fada com o rosto verruguento parecia dormir sentada no banco, a não ser pela sua perna direita que não parava de se balançar. Também era bem feia.
Depois de duas horas o paciente saiu da sala com a boca inchada e gemendo de dor. Era um pequeno minotauro de chifres novos.
Um par de minutos depois a recepcionista chamou pelo duende, porém ele já havia ido embora. Demorou mais um pouco até que ela olhasse de novo quem estava na lista.
O próximo era eu.
Respirei fundo e me levantei tentando não esbarrar em nada, e entrei na sala do dentista.
O doutor estava de costas. Era um elfo de estatura baixa. Seu cabelo loiro esbranquiçado era preso por um pedaço de raiz e seu jaleco quase encostava-se ao chão.
A criatura virou-se devagar pra mim.
- Linus! – eu falei surpreso - que diabos você está fazendo aqui?!
Ele era o elfo lerdo que eu dava uma surra nos intervalos do colégio quando era pequeno!
- Ora, ora, Gradus – ele olhou a ficha – parece que veio arrancar alguns dentes – um sorriso largo e assustador apareceu em seu rosto.
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